Desde que se lançou o processo eleitoral que foi dito que o Sporting Com Filtro iria entrar em contacto com as várias candidaturas para obter respostas a algumas perguntas.
Ficam aqui as respostas de Gonçalo Nascimento Rodrigues, cabeça de lista da Lista C ao Conselho Leonino.
E o nosso sincero obrigado ao Gonçalo por ter cedido o seu tempo para as redigir.
Pelo que percebo do vosso programa noto que claramente acham que o Conselho Leonino no formato actual não em utilidade na nossa era. Quando foi a última vez em que este órgão foi realmente útil, e em que situação?
A história do Conselho Leonino é longa e remonta aos anos 40 quando se chamava Conselho Geral, cuja função era a de escolher o Presidente. Era uma função importante e valorosa na altura! O órgão teve um longo interregno de actividade, para voltar em 1968 já com o nome de Conselho Leonino e com a mesma função. Ao longo dos anos, essa função foi sendo revista e adaptada ao sabor dos tempos, tendo tornado-se definitivamente um órgão consultivo já com o Presidente Sousa Cintra.
Ele não é útil, não devido à sua função que é a correcta – ser um órgão consultivo – mas antes porque não está devidamente organizado para tal. Em Direcções anteriores, houve propostas válidas provenientes deste órgão que nunca foram acolhidas nem sequer consideradas porque o CL não está construído para ser verdadeiramente um órgão consultivo: não é independente, não é transparente e está sobredimensionado e com os recursos errados.
Ele não é independente porque 1) é presidido por inerência pelo Presidente da Assembleia Geral e funciona quase em exclusivo com uma ante-câmara da mesma. Para um órgão de cariz consultivo, isto é altamente redutor e esta forma de presidência e trabalho torna-o facilmente instrumentalizado. Daí propormos que o CL seja presidido autonomamente por um Conselheiro eleito entre os seus pares.
Ele não é transparente porque não comunica com os sócios. Muitos sócios não percebem, sequer, para que serve o CL; aqueles que percebem, não se revêem nele porque não comunica com o exterior, não reporta a nenhum sócio as actividades levadas a cabo. Não há transparência, não há comunicação, causando enorme desconfiança e descrédito nos sportinguistas.
Prometeram levar a cabo uma alteração drástica no modo como funciona o Conselho Leonino, e até no seu número de participantes. Para quando acham que conseguem avançar com este processo a nível de Assembleia Geral?
Antes de mais, há que ganhar a eleição. Garantir a maioria dos Conselheiros é fundamental para que o próprio CL se reestruture e ele próprio, enquanto órgão, apresente uma proposta à AG. Isto será muito mais difícil de atingir se não tivermos a maioria do CL. Por isso, é muito difícil estarmos a antecipar timings, pois esses dependerão do resultado obtido e da vontade dos restantes Conselheiros eleitos em proceder a transformações profundas. Mas uma coisa é certa e isso garantimos aos sócios: caso o próprio CL não tenha interesse em se reestruturar, e pretenda manter este poder que nada beneficia o Sporting e os sócios, aí avançaremos individualmente com uma proposta em AG. Até final do Mandato, tudo terá de estar resolvido: transformação ou extinção. Os sócios decidirão.
Tendo em conta que o Conselho Leonino acaba por ser um órgão de ligação do Sporting à Sociedade Civil onde acha que a sua actuação tem estado presente, e onde esperam poder melhorá-la?
Não tem estado presente. Não tem actuado. Tem sido inútil. Mas é de facto uma ligação importante aos sócios do Sporting Clube de Portugal. Teremos de conseguir alterar esta forma de aproximação, promovendo mais encontros, comunicando mais e melhor, reportando os trabalhos realizados. Introduzir a figura do Provedor do Sócio no seio do CL será uma forma importante de o conseguirmos.
Em que medida pensam que o Conselho Leonino poderá ajudar o clube em termos de comunicação com os sócios e na criação de pontes entre os sócios e o clube?
Parece-nos absolutamente fundamental promover uma maior e melhor comunicação com os sócios. Desde logo, procurando obter propostas e ideias que os sócios queiram ver discutidas no Conselho Leonino. Além disso, reportando sempre após o final de uma reunião de CL, explicando aos sócios os temas que foram discutidos, sem com isso colocar em questão os deveres de confidencialidade que os Conselheiros têm. Por fim, procurando fazer representar o CL em todas as AG’s, onde podem comunicar aos sócios os trabalhos que têm sido realizados, propostas apresentadas, ideias discutidas e ponto de situação dos trabalhos.
O que mudariam na forma como todo o processo eleitoral se comporta, a nível estrutural e até de calendário, no Sporting Clube de Portugal?
Este é um tema que tem total cabimento discutir no seio do CL. A nível estrutural, há que procurar agilizar e automatizar os processos eleitorais. A forma como é necessário reunir assinaturas, tudo em papel, original, cópias dos documentos de identificação… o trabalho é imenso e afasta o aparecimento de mais listas independentes, algo que nos parece salutar num processo democrático em órgão de eleição por método de Hondt, principalmente. Depois, a forma de validação das listas, que é manual e tem de estar igualmente mais automatizada. Por fim, a intervenção da Mesa da Assembleia Geral: por uma questão de transparência, talvez fosse preferível introduzir nos Estatutos a figura da Comissão Eleitoral Independente, principalmente em casos, como o actual, em que o Presidente da Mesa da Assembleia Geral em exercício, e que é o responsável máximo pela condução do processo eleitoral, ser ao mesmo tempo candidato.
Este texto Lista C ao Conselho Leonino responde a algumas perguntas do Sporting Com Filtro foi publicado originalmente aqui Sporting Com Filtro.
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