No Record, o Código Deontológico dos Jornalistas é letra morta. Foi assim quando optaram por explorar psicologicamente um menor, sem qualquer pudor ou cuidado (situação abordada no post A dança das hienas – O Record e a Deontologia).
É colocado um rumor no sítio afecto a certo clube, rumor esse sem qualquer relevância. No boato o Record viu um furo, seguindo uma linha casos e não de factos, onde a realidade é um facto descartável.
O rumor lançado foi este:
Mas que fonte é essa, considerada fiável e merecedora de artigo num jornal diário que se quer sério?
Portanto, alguém da estrutura de comunicação oficiosa do tal clube é a fonte credível e bastante para o Record fazer este artigo e dispensar o contraditório e verificação dos acontecimentos:
Enquanto a TSF desmente categoricamente o rumor plantado, o Record opta por dar acolher e promover, disseminando falsidades. O jornal aceitou ser parte integrante da máquina de propaganda do clube que desencadeou a intrujice. Mais grave se torna quando se assume que o boato “é fonte como qualquer outra coisa. Depois averigua-se. Foi feito.” Como!!?
Uns dias antes, a personagem Hugo Gil era correctamente descrito, e passo a citar: “Hugo Gil é apenas uma peça da máquina de propaganda do Benfica”.
Confesso que não compreendo o que originou tal brusca mudança de estado de espírito na redacção do jornal, onde se passa de “uma peça da máquina de propaganda do Benfica” a “é fonte como qualquer outra coisa”. Fé na bondade do ser humano ou apenas ingenuidade?
No Estatuto do Jornalista (Lei 1/99, publicada em 1 de Janeiro, alterada pela Lei n.º 64/2007, de 6 de Novembro, com rectificações feitas pela Declaração de Rectificação n.º 114/2007, da Assembleia da República) é referido o seguinte:
Artigo 14.º
Deveres
1 – Constitui dever fundamental dos jornalistas exercer a respectiva actividade com respeito pela ética profissional, competindo-lhes, designadamente:
a) Informar com rigor e isenção, rejeitando o sensacionalismo e demarcando claramente os factos da opinião;
(…)
e) Procurar a diversificação das suas fontes de informação e ouvir as partes com interesses atendíveis nos casos de que se ocupem;
(…)
2 – São ainda deveres dos jornalistas:
(…)
b) Proceder à rectificação das incorrecções ou imprecisões que lhes sejam imputáveis;
c) Abster-se de formular acusações sem provas e respeitar a presunção de inocência;
(…)
i) Identificar-se, salvo razões de manifesto interesse público, como jornalista e não encenar ou falsificar situações com o intuito de abusar da boa fé do público.
(…)
A Deontologia consiste no estudo ou tratado dos deveres ou das regras de natureza ética.
Fica demonstrado que isto é algo desconhecido pelo Record.
Este texto Da recorrente ausência de Deontologia do Record foi publicado originalmente aqui Sporting Com Filtro.
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