Ontem frente ao Steaua foi um daqueles jogos em que a bola não quis entrar. E não entrou mesmo. Mas podemos dizer que foi apenas isso? Claro que não.
Tal como frente ao Setúbal, curiosamente com um onze muito semelhante, a táctica foi sempre a mesma.
A jogada
A bola seguia para um dos extremos, Gelson ou Acuña, que tentava furar pela sua lateral para cruzar. Se conseguiam melhor, e cruzavam. Senão plano B e vinha o apoio do lateral que neste jogo estiveram pouco em jogo ofensivamente.
Caso isso falhasse, recorria-se ao meio campo. E esse meio campo, de Adrien com Battaglia, basicamente servia para passar a bola para a outra lateral e tentar o mesmo do lado oposto.
O problema de Podence
Daniel Podence é um jogador problemático para qualquer jogador defender. Rápido com bola, e no espaço. Perspicaz em espaços interiores. Bem lançado pelo meio venenoso. E quem tenta progredir com bola pelo meio tem sempre nele um apoio para qualquer tabela.
Se não há jogo pelo meio, e pelas alas o jogo é preparado para cruzamentos constantes, o que serve o pequeno mas imensamente talentoso Podence? Pouco claramente.
O que faltou neste meio campo
Defensivamente Battaglia e Adrien compõem um meio campo forte. Tanto a defender na fase mais recuada, como em pressão alta. São dois jogadores com força e garra.
Mas com eles como dupla do meio campo o jogo do Sporting tem-se tornado extremamente previsível.
Até vejo como possível manterem-se os dois em simultâneo e este jogo de cruzamento constante. Mas apenas em jogos que se meta todas as fichas nesse plano, e como tal que se coloquem dois pontas de lança puros, por exemplo Dost e Doumbia, em simultâneo para receber a avalanche de cruzamentos.
A solução de meio campo
Felizmente temos não uma mas duas excelentes soluções no plantel para este problema.
A primeira passa pelo mesmo plano dos últimos anos, com um construtor de jogo recuado na figura de William Carvalho.
Se este sair logo se vê se vamos ou não ao mercado, mas penso que talvez nem seja possível.
É que também gosto muito do plano de Bruno Fernandes a oito, com Adrien ou Battaglia a jogarem a seis.
E William Carvalho com Bruno Fernandes? Isso pode muito bem vir a ser o futuro da Selecção Portuguesa. Num meio campo a três perfeito. E para jogar com um Podence, Alan Ruiz ou Iuri Medeiros a 9.5 também não me parece nada mal.
Claro que se perde poder defensivo, mas para grande parte da nossa temporada parece mais do que suficiente.
Este texto A bola não quis entrar ou sem jogo interior não vai dar? foi publicado originalmente aqui Sporting Com Filtro.
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